Ensinando e Pregando
Primeira Parte Por 1.900 anos a igreja cristã tem se baseado principalmente em ensinos e práticas de outras fontes que não a Palavra de Deus. Isso nos tem legado coisas que precisam ser urgentemente corrigidas, no que concerne às práticas da igreja. Parte desse legado é o fato de nos havermos afastado drasticamente da forma com que eram ministrados o ensino bíblico e as instruções coletivas na igreja primitiva. O mais sério desvio é o que diz respeito à prática virtualmente universal da pregação, realizada por uma só pessoa, nas reuniões da igreja no Dia do Senhor. No Novo Testamento, entretanto, vemos coisa diferente. O que encontramos são igrejas se reunindo aos domingos em domicílios, com uma dupla característica: primeira, esses cultos eram inteiramente abertos, participativos e espontâneos, do qual todos compartilhavam e no qual todos adoravam juntos. Por definição, essas reuniões não tinham um líder à frente; segunda, eles comiam a Ceia do Senhor juntos, como a principal refeição do dia. Então, com essa estrutura – que era a que os apóstolos usaram para estabelecer universalmente as igrejas – temos, como conseqüência, que certas coisas não aconteceriam. Como, por exemplo, a constatação de que, numa estrutura como a descrita, não existia a mínima necessidade de edifícios sagrados ou religiosos. Por isso, não é surpresa o fato de que, no Novo Testamento, só encontrarmos igrejas reunindo-se em domicílios. Outra coisa que não encontramos no Novo Testamento são cultos dominicais com dirigentes à frente, com as pessoas sentadas em fila, no estilo dos auditórios de hoje e com participação apenas em alguns cânticos e, talvez, no pequeno espaço de uma oração livre ou algo assim. Você não encontrará também no Novo Testamento qualquer coisa que se assemelhe, ainda que ligeiramente, a um sermão. E está claro que isso se devia ao fato de que tais práticas se contrapõem frontalmente à essência mesma de uma reunião dominical da igreja. Os apóstolos estabeleceram igrejas que, quando se reuniam no Dia do Senhor, seguiam estritamente essa regra: “cada um tem…” e “todos profetizarão, um após o outro”. (1 Coríntios, 14:26 e 31). Eles estabeleceram igrejas de tal maneira que houvesse encorajamento para que todos os reunidos participassem, criando-se em conseqüência um ambiente onde o Senhor estivesse livre para mover seu Espírito Santo pelos membros de Seu corpo. Qualquer idéia sobre reuniões da igreja girando em torno do ministério individual de quem quer que fosse, ia completamente contra as Escrituras e as contradizia flagrantemente. Isso tudo não significa, entretanto, que não exista lugar para um tipo de ensino do povo de Deus, no qual uma pessoa predomine ao ensinar. O Senhor certamente provê as igrejas de pessoas que são dotadas especificamente para isso. O Novo Testamento deixa claro que ensinar é um chamado e um dom do Espírito Santo. De fato, na igreja da qual faço parte, nos reunimos todas as terças-feiras à noite para estudos bíblicos e nos esforçamos bastante para aprofundar nosso entendimento da Palavra de Deus. Porém, no Novo Testamento a reunião das igrejas aos domingos era a oportunidade na qual esses dons eram exercitados de maneira particular. Nesses casos, a ênfase era sempre para a participação de todos, para que muitas pessoas compartilhassem algo, incluindo um pequeno ensino, em lugar de apenas uma pessoa predominando ou liderando de alguma maneira. Enfim, isso nos ajuda a não enfatizar a idéia de liderança, nem a nossa desprezível inclinação para transformar em grandes homens àqueles melhores dotados de habilidade de ensinar ou de falar em público. Isso também ajuda a nos mantermos afastados de qualquer divisão clero/laicato e do sistema totalmente antibíblico de postos e cargos, dos líderes e liderados, que cria a hierarquia. E hierarquia é algo que a igreja jamais deveria ter tido, já que a única ordem de subordinação, relacionada à vida da igreja que encontramos no Novo Testamento, é aquela que coloca Jesus sobre todos os demais. Inclusive os anciãos – que é a liderança que toda igreja bíblica deve ter, como um conjunto de homens co-iguais, levantados dentre aqueles aos quais servem – estão estritamente na categoria de “todos os demais”. Além disso, essa maneira bíblica de fazer as coisas que estamos enfocando, cria um ambiente no qual as pessoas se sentem livres para questionar tudo o que é ensinado, com o propósito de testar e entender melhor o ensino que recebem. Acontece também que os que ensinam são defrontados com a responsabilidade de ministrar de tal forma que convençam aos que os ouvem, de que tudo que dizem é realmente bíblico. Isso ajuda a minimizar o perigo de que aqueles que são ensinados aceitem as coisas passivamente, apenas por serem provenientes dos líderes ou pela idéia tola de que é “política aceita pela igreja” ou algo similar. A forma bíblica de ensinar cria também situações nas quais as pessoas questionam ativamente e entendem o que ouvem, em vez de aceitarem tudo como fato, e passivamente aquiescerem, como se estivessem de acordo. Em resumo, isso cria o tipo de crente que muitos líderes, de muitas igrejas, mais temem: pessoas com as Bíblias abertas e de mentes livres, que não aceitam o que lhes é oferecido meramente pela autoridade de pretensos líderes, mas que os questionam e desafiam até serem persuadidos de que algo é ou não bíblico.Finalmente, libera as idéias e o entendimento de todos na igreja e gera uma atmosfera de atitudes humildes, além da predisposição de todos aprenderem de todos. Também fica patente o fato, vitalmente importante, de que o Senhor habita em todo o Seu povo e, por isso, pode falar através de qualquer deles na igreja e não apenas de uma elite de alguns escolhidos e dotados de fina oratória. Precisamos tratar agora daquilo que, na mente de algumas pessoas talvez surja como uma objeção real e bíblica ao que estou escrevendo. Voltemos ao livro de Atos e vejamos um domingo em particular que Paulo passou com a igreja em Troas: “No primeiro dia da semana, reunidos os discípulos para partir o pão, Paulo os ensinava, pois pretendia deixá-los no dia seguinte. Por isso, estendeu seu discurso até a meia-noite” (Atos 20:7). Temos aqui os crentes em Troas reunidos para a principal reunião da semana e percebemos certas coisas (diga-se que nenhum estudioso da Bíblia faria objeção a qualquer das observações que irei fazer, pois são simplesmente matéria de fato textual): que a igreja se reuniu no primeiro dia da semana, o domingo; que se reuniram todos na casa de alguém; que o texto grego nos diz que o propósito principal da reunião foi para partir o pão e que “partir o pão” se refere a uma refeição completa, provavelmente a Ceia do Senhor. Agora, a coisa que quero enfocar aqui é que Paulo “falou às pessoas” e “continuou a falar até a meia-noite”. Isto certamente nos induz a pensar que, se Paulo estava discursando, os outros estavam simplesmente ouvindo. Se isso fosse verdade, então não havia muita participação espontânea, sem liderança, o que se poderia esperar, se tudo o que escrevi até aqui tem realmente sentido. Porém, há algo pior ainda, porque em certas traduções da Bíblia esse verso diz que “Paulo pregou para eles… e continuou seu discurso até meia-noite”. (N.do T. – Essa referência é a traduções da Bíblia em inglês, língua do autor). Isso não só soa como um sermão dominical, mas como o verdadeiro pai e a verdadeira mãe dos sermões feitos aos domingos, anteriores ou posteriores ao fato. Se esse versículo é para ser entendido assim, então Paulo não só pregou à igreja, mas continuou até a meia-noite. Então, o que posso dizer quanto a isso, à luz deste artigo? Bem, é muito simples, pois temos aqui um exemplo de má tradução. O original grego não diz o que os tradutores quiseram fazer-nos crer. Lucas não empregou nenhuma das palavras gregas com o significado de “pregar” mas, ao contrário, Paulo descreve o que esteve fazendo até meia-noite com a palavra dialogemai. E essa palavra, como qualquer estudioso de grego pode confirmar, significa conversar, discutir, arrazoar ou disputar com alguém. Ela denota uma discussão entre diferentes partes e é a palavra grega da qual derivou a expressão diálogo, da língua portuguesa. Pregar é um monólogo e, em certos cenários da vida da igreja, poderia ser correto. Estudos bíblicos do meio da semana, por exemplo, poderiam ser ministrados por uma pessoa, num monólogo, seguidos de perguntas. Mas, no Novo Testamento, quando o povo do Senhor se reunia aos domingos como igreja, era um diálogo que ocorria e era precisamente o que Paulo fazia, no caso que analisamos. Certamente ele estava ensinando à igreja e todos queriam aprender tudo o que pudessem dele, porém no formato de uma discussão e não no de algum tipo de monólogo. A reunião era participativa e interativa e, portanto, transcorria de acordo com a maneira com que foram estabelecidas as primeiras reuniões de igreja aos domingos. Resumindo, Paulo estava simplesmente conversando com eles. Foi um diálogo e, tanto ele quanto a igreja, estavam raciocinando juntos. Era recíproco, comunicação mútua, pergunta e reposta, ponto e contraponto, objeção e explanação! Paulo não estava situado em nenhuma plataforma elevada com todos os demais sentados silenciosamente, ouvindo o que ele falava – diferentemente, ele estava sentado no sofá da sala, conversando com eles. Realmente, como já disse antes, existe um tempo para algo mais formal, no estilo palestra ou conferência, mas mesmo nesses casos, quem está ensinando tem que saber que deve estar aberto a perguntas sobre o tema que estiver abordando. Não quero dizer com isso que as perguntas devam ocorrer durante a explanação. Deve-se aguardar o fim dela, para então serem formuladas fluentemente as perguntas. E que fique também bastante claro que, seja lá quem for que esteja ensinando é simplesmente um dos irmãos e não alguém especial ou espiritualmente elevado, apenas por ser de alguma maneira mais bem dotado. Nos estudos bíblicos das terças-feiras à noite, na nossa igreja, eu faço parte das sessões de discussões e de ensinos do tipo interativo e usamos o estilo de palestras (ou conferências) apenas como um dos vários recursos dentre aqueles dos quais nos valemos. Permita-me terminar, deixando claro que estamos distantes de minimizar o ensino bíblico na vida das igrejas cristãs. Longe disso! Em primeiro lugar, nenhum de nós estaríamos falando dessas coisas, se não tivéssemos tido um sólido ensino bíblico e se não tivéssemos interessados tanto em receber ensinamentos quanto em transmiti-los a outros. Estamos apenas dizendo que precisamos começar a fazer as coisas certas e biblicamente corretas. E, para isso, devemos voltar a estar alinhados com o que a Palavra de Deus ensina, em vez de permanecer apegados a tradições antigas, porém inteiramente antibíblicas. As igrejas precisam de ensino contínuo e consistente, não há dúvida, mas elas precisam de outras coisas também – e fazer certas coisas bíblicas, a expensas de outras coisas igualmente bíblicas, é um grande erro. Os apóstolos esperavam que, quando os crentes se reunissem nas respectivas igrejas no dia do Senhor, ocorresse que “Quando vos congregais, cada um de vós tem…” (1 Coríntios 14:26). Assim é que deve ser! Nem mais nem menos! Você entendeu? Ótimo. É bastante simples, não é? Depois de tudo, de quem acreditamos vir as melhores instruções: de Jesus e de seus discípulos ou de alguém mais? Ensinando e Pregando Segunda Parte Por Jon Zens (2) Nos últimos meses várias pessoas têm me feito perguntas sobre o lugar apropriado dos “estudos bíblicos” na assembléia. Para os que pertencem a igrejas tradicionais, a citação acima (1Cor 14:26) cumpre-se com a ida cada domingo ao templo, para ouvir um “sermão”. Aqueles que se sentem impelidos a levar a cabo a ekklesia em ambientes mais informais, usualmente têm perguntas sobre como o “ensino” se encaixa no novo esquema de coisas. Muitos irmãos, reagindo à anterior centralização do púlpito, ficam desconfiados ao serem “ensinados” por alguém ou temem que uma pessoa chegue a dominar o ensino. Alguns sentem que as reuniões devem ser centralizadas nos problemas de relacionamento, em lugar de serem estudos bíblicos. Outros entendem que deve haver ensino todas as semanas ou os santos secarão. O que podemos aprender do Novo Testamento, que nos ajude a colocar essas preocupações numa perspectiva apropriada? Depois que 3.000 pessoas creram e foram batizadas, elas “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão (koinonia), no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Vemos aqui quatro características principais que marcaram a vida em comum dos crentes. Os apóstolos se envolveram imediatamente no ensino do rebanho. Isso deixa claro que o ensino é muito importante para a ekklesia. Porém, o ensino ocorria em ambiente de koinonia, com todos comendo e orando juntos. Entre os muitos dons que Cristo deu ao Seu povo, a alguns Ele deu o de mestre (Efésios, 4:11). Tiago diz que “meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo” (Tiago 3:1). Paulo diz que cada pessoa deve exercer com liberdade o dom com que o Senhor o distinguiu “se é ministério, seja em ministrar” (Romanos 12:6-7). E, em 1 Coríntios 12:28-29, Paulo, ao perguntar “sois todos mestres?”, enfatiza o fato de que Cristo nunca pretendeu que todos tivessem o mesmo dom. Por outro lado, o escritor de Hebreus repreende a todos os irmãos por sua falta de crescimento, ao dizer que eles, já devendo ser mestres, depois de tanto tempo, ainda tinham necessidade de que lhes fossem novamente ensinados os rudimentos da Palavra de Deus (conf. Hebreus 5:12). Bem, embora tenhamos claro que apenas alguns são dotados como mestres, todos os do povo de Deus devem ser “mestres” no sentido mais amplo de contribuir para a geral edificação do corpo, de acordo com seus dons. Obviamente, os dons variarão grandemente em cada grupo de crentes mas, se o Senhor os reuniu, podemos estar certos de que “… Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis” (1 Coríntios 12:18). Algumas assembléias terão vários irmãos com dom de ensino, algumas apenas um e outras talvez sintam que não dispõem de nenhum. A coisa principal a ser levada em conta é que todos os crentes têm o Espírito Santo (a “unção”) e são capazes, em algum nível, de compartilhar Cristo, de demonstrar discernimento, de cuidar uns dos outros e de entender as Escrituras. Quando se reúnem todos em Seu nome, têm toda a razão de esperar a presença de Cristo (Mateus 18:20). Em uma reunião de crentes, cada pessoa tem a responsabilidade de assegurar-se de que não está dominando e, como conseqüência, reprimindo aos demais. Se acontecer de haver um só mestre, deve-se cuidar para que seu dom não acabe gerando dominação. Se aparentemente não houver nenhum mestre no grupo, então o corpo deve trabalhar arduamente e confiar no Senhor para a edificação, mediante a participação múltipla. Estamos acostumados à idéia de que um professor deve ter uma formação em Escola Bíblica ou seminário. Este não é um pensamento bíblico. Não devemos sucumbir ante o culto ao especialista, mas também precisamos cuidar de não emudecermos algum dom dos crentes. Em Atos 20:7, somos especificamente informados de que o propósito das reuniões dos santos era o de “partir o pão” e não ouvir ensinamentos. Ainda assim, no curso desta reunião em particular – que seria a última de Paulo na cidade – o apóstolo “dialogou” com os crentes por longo tempo. O que Paulo tinha a dizer era o “filé” da reunião, mas o que houve não foi um monólogo. Foi um discurso com interação. Isso mostra que, embora a razão de ser do encontro fosse a refeição (a Ceia do Senhor), ainda fora possível que o ensino tivesse lugar. Evidentemente os coríntios sentiram que todos deveriam falar em línguas. Eles estavam concentrados em certas manifestações visíveis do Espírito. Nos capítulos 12 e 14 de I Coríntios, Paulo corrige isso. No capítulo 14, ele deseja que a espontaneidade e a multiplicidade continuem, mas, no geral, ele deseja que a profecia seja central e que tudo seja feito para edificação. Profecias por “todos” por todos resulta em edificação, encorajamento, conforto e instrução (1 Coríntios 14:3,31). No versículo 26, Paulo; menciona algumas das muitas contribuições que os santos podem dar à assembléia e uma delas é ”ensinar”. Assim, como não devemos proibir as línguas (se houver interpretação), também não devemos proibir o ensino! Algo que poderia ajudar as assembléias em todos esses assuntos envolvendo “ensino” é que elas aprendessem a estudar a Bíblia juntas, com uma visão voltada a discernir a Palavra do Senhor e a agir segundo ela. Desde que estamos cercados por tanto falso ensino, é vital para as ekklesias pesquisar as Escrituras para que se veja o que é verdadeiro. Por exemplo, em uma variedade de temas, como oração, anjos, vida do corpo, humildade e amor, é certamente possível a um grupo de crentes simplesmente copiar de uma concordância ou artigo em um computador uma seleção de versículos para estudo e oração. Nas igrejas primitivas as cartas apostólicas eram lidas para a assembléia. Isso é o que as assembléias devem fazer de uma forma regular. Deve-se enfatizar que todo manejo da Palavra de Deus pela igreja não deve ser encarado como um exercício acadêmico e intelectual. Nossa meta deve ser a exaltação de Jesus Cristo juntos e a obediência ao que revela Sua Palavra. As congregações terão suas fortalezas e debilidades. Algumas estarão bem enraizadas em sólido ensino, porém fracas em oração. Outras se sobressairão por cuidados mútuos, mas serão fracas em algumas verdades dos Evangelhos. A tendência geral que tenho visto é que as igrejas tendem a ter muita doutrina, com muito pouca vida em comum ou a estarem centradas em experiências subjetivas com pouco ensino de qualidade. Qual o motivo de separarmos o que Deus uniu? Deveríamos nos esforçar por cuidarmos praticamente uns dos outros, como Paulo exortou, desejando reter o ensino saudável. Para isso, os irmãos devem avaliar permanentemente suas vidas em comum, à luz do texto de Atos 2:42 e abertamente discutirem as áreas nas quais precisam crescer. Tiago 1:19 nos exorta a sermos “rápidos no ouvir, mas tardos para falar”. Em qualquer grupo de santos existirão aqueles que tendem a falar muito, os que são reticentes e outros que ficarão no meio-termo. Os que estão sempre prontos a falar precisam ser cautelosos e se certificarem de não sufocarem a iniciativa dos outros. Eles precisam ter cuidado de não dominar ou intimidar através de um tom dogmático, que acaba com qualquer discussão. Aqueles que são hesitantes ao falar precisam de uma atmosfera de aceitação e amor na qual se sintam encorajados a compartilhar o que o Senhor lhes oferece. Se nossas reuniões forem realmente abertas, então precisamos estar sensíveis para a direção indicada pelo Espírito. Precisamos estar dispostos a colocar as necessidades dos outros acima das nossas próprias. Por exemplo, se um grupo tem novos convertidos, pessoas vindas de alguma seita ou alguém que acaba de sofrer algum trauma que lhe modificou a vida, necessitarão que nos concentremos em suas necessidades em particular. Um grande problema para nós é a predisposição de ouvir atentamente os problemas de outros do grupo. Se realmente nos amamos, precisamos desejar participar realmente dos problemas que existem no coração dos outros. Talvez possamos pensar que sua pergunta ou preocupação estão deslocadas, são irrelevantes ou não é um problema para nós, mas se valorizamos aquelas pessoas, iremos considerar seriamente cada uma de suas palavras. Dessa forma, se você está tendo pensamentos do tipo “este lugar está se tornando num árido seminário”, “não posso tolerar os princípios teológicos que estão sendo oferecidos”, “tudo o que falamos é sobre as experiências das pessoas, nada sobre a Palavra”, “nós estudamos muito a Bíblia, mas não oramos o bastante”, “todas as semanas fazemos quase a mesma coisa”, “cada vez que termina a reunião me sinto deprimido, em vez de animado” ou “sinto que há um desequilíbrio doutrinário”, então você precisa falar com os irmãos e irmãs. O problema pode ser seu e de suas percepções equivocadas, mas quando as pessoas têm perguntas desse tipo, elas precisam ser adequadamente discutidas. Esse é o motivo pelo qual parece ser sábio para uma assembléia discutir periodicamente como vai sua vida em comum, para que os desequilíbrios sejam cortados pela raiz. A química de cada assembléia é única. O Espírito tomará das coisas de Cristo e as aplicará às nossas circunstâncias. O que funciona em um grupo talvez não faça sentido em outro. Porém, nada funcionará, a menos que os irmãos estejam comprometidos em perseguir o Evangelho juntos, em humildade amando uns aos outros. Os componentes básicos da vida da igreja são dados no Novo Testamento e as probabilidades são altas de que cada assembléia tenha debilidades com as quais não tenha trabalhado e que exijam transformação e de arrependimento (veja o ótimo exemplo das sete ekklesias que Cristo avaliou). Além do valor de estarmos juntos, precisamos da mistura apropriada de ensino, cantos, refeições, louvores, orações, afeto e muitos outros atributos que nos ajudem a ser saudáveis. A maioria de nossas preocupações sobre como o ensinar se expressa em uma assembléia, estariam provavelmente resolvidas se acontecessem mais discussões francas, com a participação de todos e se todos ouvíssemos mais uns aos outros. Tradução de Otto Amaral Se você fala português e tem dúvidas quanto às igrejas como estabelecidas pelos apóstolos ou deseja algum esclarecimento acerca do artigo acima, entre em contato com Otto Amaral no Brasil, pelo e-mail: ottoamaral@uol.com.br (2) Jon Zens é o editor de Searching Together (“Buscando Juntos”), uma revista trimestral, desde 1978 e dirige uma livraria evangélica em Taylors Falls, no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Ele é um dos anciãos de uma igreja domiciliar na fronteira Minnesota/Wisconsin. Jon teve sua formação teológica no Covenant College (1968), no Westminster Theological Seminary (1972) e na California Graduate School of Tehology (1983) e pastoreou várias igrejas batistas. Ele e sua esposa Dotty têm três filhos adultos e quatro netos.